A resposta está no Skatepark!
Ainda usava fraldas quando começou a ir ao SkatePark montado na sua bicicleta vermelha sem pedais.
Com a ingenuidade dos 2 anos, aproximava-se dos grupos dos “meninos” e dizia-lhes:
– Olá! – olhando-os nos olhos e esperando resposta (ainda só conseguia dizer umas 5-6 palavras)
Os “meninos”, adolescentes por sinal, olhavam-lhe meio sem saber como reagir. Depois olhavam para nós, “os adultos” que se mantêm a uma certa distância e sem interferir demasiado.
Continuamos a ir ao “Paco” sempre que nos pedia e a história repetia-se. Com o passar do tempo largou as fraldas, a confiança aumentou e foi experimentando as rampas e as várias combinações de subidas e descidas. Agora, além da “bicla” vermelha tem uma “totinete”.
Este podia ser um relato sobre como construir auto-confiança, risco controlado nas brincadeiras das crianças ou deste exercício difícil que é mantermos uma certa distância quando não temos a certeza se os nossos filhos poderão cair ou aleijar-se. Mas não é!
É uma partilha de como um grupo de adolescentes, que tantas vezes achamos que estão numa fase de vida complicada que são rebeldes e pouco tolerantes ou têm dificuldade em expressar-se, respeita e acolhe um “puto” de 2 anos com a maior das naturalidades.
Nem uma única vez, ouvimos ou vimos uma reacção negativa ou desrespeitadora destes miúdos. Aliás, são protectores, ajudam quando necessário, respeitam o timming de um miúdo bem mais novo e nunca se insurgiram, mesmo quando este não respeita as regras de uso das rampas (ainda não percebeu muito bem como funciona, mas está cada vez mais astuto).
Tirando uns palavrões e uns cigarros mais ocasionais do que gostaria, sempre que vamos ao SkatePark é uma experiência e dinâmica de bem-estar entre todos.
E os adolescentes, esses “seres difíceis” têm sido sempre exemplo de Tolerância, Respeito, Cooperação e Inclusão. Ahh, e sem qualquer “regulação” por parte de adultos, simples assim, apenas sendo…
E eu, naive que sou, gostaria com todas as minhas forças, que tantos Pais com filhos nesta idade de rebelião, pudessem ver e reconhecer esta faceta destes Seres que ajudam a crescer.
Autor: Juliana Barroso