O que acontece? Foram os miúdos que estavam mais agitados naquele dia? A actividade que não foi bem planeada?
A minha experiência a facilitar sessões de Meditação para Crianças em Escolas diz-me que há dias que não corre bem, mesmo quando a sessão está planeada e estruturada como de outras vezes, os alunos não estão mais nem menos agitados, o ambiente é o mesmo….Então, porque é que não corre bem?
Há um factor determinante nas sessões: EU!
Vou contar-vos o que aconteceu ontem e que pode ser a diferença entre a sessão funcionar ou não.
Ontem foi daqueles dias de agenda preenchida de aulas, consultas e reuniões. Algumas com horas sobrepostas, outras de seguida, deslocações à mistura e muito potencial de atraso em alguns destes compromissos.
Estava mentalmente preparada para não conseguir cumprir com todos os horários (era humanamente impossível nalguns casos), mas mesmo assim não é fácil para mim lidar com essa possibilidade. Acabei por ficar ansiosa e um pouco stressada.
Cheguei atrasada a uma aula sem grande problema porque tinha avisado. A aula correu mal na minha opinião, mas mostrou-me mais um vez que bastam 2 min para que essa situação se possa alterar.
Entrei na sala a sentir que não ia ter tempo para realizar tudo o que estava planeado. Avisei logo os outros adultos que, muito provavelmente, não iriamos fazer a última parte da aula e rematei:
– Pronto, assim já fico descansada com essa parte e vou aproveitar o resto do tempo. – Esse tempo era exactamente o necessário para cumprir com o resto que estava pensado. Mas não deu….
O único problema é que “estava preparada” mentalmente (achava eu), mas não me preparei emocionalmente. Não parei 2min antes de iniciar para respirar, para observar o meu estado emocional e perceber se estava nas melhores condições para facilitar aquele momento.
O que aconteceu?
Estive muito menos tolerante, chamei à atenção de alguns alunos muito mais vezes que o normal, não tive a capacidade de “ler o grupo” e as suas necessidades naquele momento, fui muito pouco criativa a agarrar as dicas deles para dar seguimento à aula. Pedi para pararem o corpo e fazerem silêncio muito maisvezes que o necessário, fiquei até zangada e frustrada.
É que o factor principal para o sucesso duma aula destas é aquilo que SOU e como ESTOU!
Digam-me lá, se pensarem bem, não é exactamente assim com os vossos alunos e os vossos filhos? O meu copo estava cheio, logo não houve espaço interno para a tolerância, observação, análise e consequente acção em concordância com as necessidades do momento.
Ontem não cumpri o princípio principal e a coisa falhou. Por um lado tenho que reconhecer o erro, por outro devo ser gentil e amável comigo. Na verdade fiz o melhor que consegui com os recursos que tinha naquele momento. Esta reflexão serve para que na próxima oportunidade me relembre que tenho outras opções que poderão funcionar melhor.
________________________________________________________________________________Autor: Juliana Barroso
Foto: Marta Bento